Guira, certamente está a falar do formato do copo do bocal.
Em termos gerais, o bocal em U na trompa tem um copo mais profundo, requer mais ar, mais preparo do trompista e geralmente produz um som rico e escuro, com grande projeção e tonalidade forte. Se o trompista não aproveitar bem, respirar forte, terá um som frouxo, com pouca projeção e, por vezes, desbalanceado.
O bocal em V geralmente tem um copo mais afunilado, podendo ser mais ou menos profundo (veja explicações abaixo). Neste bocal, o som é mais direto, mais brilhante, requer menos ar, tem respostas mais ágeis, porém não produzirá um som forte, terá menos projeção, e se o trompista, não souber aproveitá-lo bem, terá um som pobre e bafado.
Geralmente, os bocais em V são a maioria no mercado (Holton, Denis Wick, Bach), com pequenas variações para U ou para funil, sendo a Schilke e o JK, que produzem bocais mais em U. Tem um Denis Wick, chamado Heavy Top, em U, que é bastante diferente da maioria dos bocais de trompa, veja-o:
http://www.deniswick.com/all-products/c ... outhpieces
Pois bem, segundo a fabricante de bocais Bach, os copos dos bocais dependem do objetivo de cada instrumentista. Um bocal:
Largo: aumenta o volume e o controle.
Pequeno: alivia a fadiga e o cansaço.
Profundo: propicia tons escuros, especialmente no registro agudo.
Raso: propicia tons brilhantes, e aumenta a resposta, sobretudo no registro agudo.
Já os bocais Holton, por exemplo, tem modelos em V.
Alguns parecem um V, mas são um pouco arrendondados no copo: como o modelo MC, que, segundo a própria Holton, serve para todos os registros, sem extremos, sendo o modelo mais popular devido a sua versatilidade.
Outros parecem com V afunilado: como o modelo SC que, afunilado para dentro, segundo a própria Holton, é apropriado para agudos, sobretudo melodias barrocas. Outro modelo, o VDC, é em formato exato de V, ideal para trompistas profissionais, proporcionando alta performance, ajudando o trompista que toca muito brilhante a ter tons mais escuros.
Eu já toquei os dois modelos, V e U, não o U literal (porque seria de trompete), mas com copo profundo e arredondado em forma de U.
Em forma de U precisa de mais ar, cansa um pouco mais durante a execução, mas me deu mais opções de som, podendo ter liberdade de escolher mais escuro ou mais brilhante, mais forte ou mais distribuído. O formato em V exige menos ar, é preciso um pouco mais de atenção na embocadura, mas a flexibilidade do som fica mais limitada, o que também ocorre com as mudanças de projeção.
Mas, também é importante o diâmetro do bocal (nas bordas exteriores, onde o lábio toca no bocal), a Bach aconselha bocais mais largos para que os lábios se encaixem no bocal e dê mais liberdade ao trompista, devendo ser evitados (a não ser que o trompista se adapte ou goste) bocais com diâmetros muito estreitos.